segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Dentro da banheira para controlar melhor a dor no momento do parto


«É uma inovação nos hospitais portugueses. Quando, a partir do final do ano, a nova unidade de urgência de obstetrícia do Hospital S. João (HSJ) estiver pronta, as grávidas vão ganhar uma banheira para poderem relaxar durante o trabalho de parto latente e activo. Esta é uma das medidas que têm vindo a ser implementadas na unidade no seu esforço de humanização do serviço prestado às grávidas.

"As mulheres têm medo da dor, mas o que pretendemos mostrar é que o controlo pode ser feito de outras formas, para além da epidural", explica a enfermeira-parteira Elisa Santos, uma das responsáveis pelo trabalho de implementação do parto natural na unidade do Porto. É claro que, numa sociedade de consumo rápido em que a maioria das mulheres "não estará preparada para ser mãe", o parto pode ser um momento difícil. Mas o objectivo é "mostrar e proporcionar outros métodos de relaxamento". Um caminho que outros países europeus percorreram já.

O director do serviço de Obstetrícia do HSJ, Nuno Montenegro, salienta que a nova unidade terá vantagens imediatas na humanização do serviço: deixará de ser numa cave onde nunca há luz directa. Outro passo que está em negociação é criação de uma entrada directa do exterior para o bloco de partos, sem ter que passar pela urgência geral do hospital. Uma porta que, diz o responsável, "já existia em 1959" e foi depois desactivada. Uma medida que se explica porque "o primeiro impacto ao chegar ao hospital é crucial para a forma como as grávidas se sentem acolhidas". Claro que isso passa também "por um melhor treino dos profissionais de saúde que estão na linha da frente", que estão demasiado tempo atrás do computador e poucas vezes olham directamente para as utentes.

A humanização que tem vindo a ser implementada no HSJ passa também, diz Nuno Montenegro, por criar "normas de actuação em que a grávida opte por não ser medicalizada", seguindo o que são as recomendações da Organização Mundial de Saúde e a evidência científica "que está em actualização permanente". Actualmente, "estamos a repensar a tecnologia" e há que dar possibilidade à mulher "de optar". Mas sempre sem "pôr em causa a segurança e a saúde da mãe e do filho". Por enquanto, explica Elisa Santos, ainda são poucos os casos das mulheres que chegam ao hospital com informação e vontade de fazer um parto natural. Mas o hospital ainda não lançou ainda a sua estratégia de divulgação: assim que a nova unidade estiver pronta, será feita uma campanha de divulgação junto dos centros de saúde e será criada uma página na internet para informar, nomeadamente, sobre o que é isso do parto na água. Personalizar o atendimento passa também por disponibilizar o nome da enfermeira-parteira de cada turno mais vocacionada para o parto natural.

Mas é essencial, diz Elisa Santos, que as mulheres "estejam informadas sobre o parto e saibam o que querem". Humanizar é "retirar a parte da frieza das unidades, desconstruir as regras e as rotinas e tentar não desinserir a mulher do ambiente familiar". Mas não se pode "impor o parto natural" a nenhuma grávida: "Temos que respeitar o seu ritmo e vontade".»

Fonte: Diário de Noticias
Link: http://dn.sapo.pt/2007/08/16/sociedade/dentro_banheira_para_controlar_melho.html

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