«Nas últimas décadas, a discussão em torno da escolha entre leite materno e leite artificial tem sido apoiada por inúmeros estudos que reafirmaram as vantagens da amamentação para os recém-nascidos. No entanto, um estudo publicado esta semana no British Medical Journal vem desmentir aquilo que até agora se julgava um dado inquestionável, dizendo que, apesar de rico em nutrientes para o bebé, o leite materno não previne o aparecimento de doenças como a asma e alergias.
Uma equipa da McGill University, no Canadá, liderada por Michael Kramer, acompanhou 17 mil crianças bielorrussas, tendo validado os resultados de 13 889. Os bebés foram divididos em dois grupos: num deles foi estimulada a amamentação exclusiva e prolongada; no outro as decisões sobre a alimentação das crianças foram deixadas ao critério das mães. Aos seis meses, 49,8% das mulheres do primeiro grupos ainda davam peito; enquanto no segundo grupo a percentagem era de apenas 36,1%. A maioria das mães do primeiro prolongou a amamentação até aos 12 meses. Os miúdos foram acompanhados até aos seis anos, altura em que foram realizados diversos testes às alergias e os resultados foram surpreendentes: não só as crianças que tinham sido amamentadas durante mais tempo não estavam mais protegidas em relação à asma, febre dos fenos ou eczema, como, pelo contrário, eram duas e três vezes mais alérgicas a algumas substâncias como o pó, o pêlo do gato ou os pólens.
"O facto de a maior parte das alergias ter aumentado nas últimas décadas, coincidindo com o renascimento do aleitamento natural, sugeria que este não tem um efeito protector", explicam os autores. Agora, há provas para afirmá-lo.
Os investigadores escolheram as maternidades da Biolorrússia pois, nos anos 90, quando o estudo se iniciou, o país ainda não tinha adoptado uma série de medidas baby-friendly já introduzidas em quase todos os países ocidentais. "Nas nossas maternidades seria quase impossível fazer uma tão grande diferenciação entre os dois grupos em estudo", explicou Michael Kramer.
Este estudo não convence Isabel Rute Reinado, conselheira em aleitamento materno e co-fundadora do SOS Amamentação. "Tenho de saber mais sobre esta investigação, há muitos outros estudos que demonstram as vantagens da amamentação", afirma, quando contactada pelo DN. "Não é por causa de um só estudo que vou mudar a minha opinião", diz esta activista.
Além disso, recorda, "esta não é só uma questão de alimentação". Além dos benefícios para a saúde do bebé (por exemplo, minorando os problemas gastrointestinais no primeiro ano de vida) e para a mãe (ajudando a recuperação pós-parto), existe todo o lado emocional, de ligação entre mãe e filho. O SOS Amamentação recebe cerca de mil mails e 600 a 700 chamadas telefónicas por mês de mães com os mais diversos problemas na amamentação - "Os primeiros dias são os mais difíceis, com a subida do leite e a procura de uma boa posição. As mães precisam de ajuda para que possam ultrapassar estes problemas e ali- mentar os seus filhos com prazer e sucesso", explica Isabel Reinaldo.
O SOS Amamentação segue as orientações da Organização Mundial de Saúde e aconselha as mães a, dentro das suas possibilidades, darem o leite materno em exclusivo até aos seis meses e manterem o aleitamento até aos dois anos, desde que isso satisfaça a mãe e o bebé.»
Fonte: Diário de Noticias
Link:http://dn.sapo.pt/2007/09/14/sociedade/leite_materno_aumenta_alergias.html
Uma equipa da McGill University, no Canadá, liderada por Michael Kramer, acompanhou 17 mil crianças bielorrussas, tendo validado os resultados de 13 889. Os bebés foram divididos em dois grupos: num deles foi estimulada a amamentação exclusiva e prolongada; no outro as decisões sobre a alimentação das crianças foram deixadas ao critério das mães. Aos seis meses, 49,8% das mulheres do primeiro grupos ainda davam peito; enquanto no segundo grupo a percentagem era de apenas 36,1%. A maioria das mães do primeiro prolongou a amamentação até aos 12 meses. Os miúdos foram acompanhados até aos seis anos, altura em que foram realizados diversos testes às alergias e os resultados foram surpreendentes: não só as crianças que tinham sido amamentadas durante mais tempo não estavam mais protegidas em relação à asma, febre dos fenos ou eczema, como, pelo contrário, eram duas e três vezes mais alérgicas a algumas substâncias como o pó, o pêlo do gato ou os pólens.
"O facto de a maior parte das alergias ter aumentado nas últimas décadas, coincidindo com o renascimento do aleitamento natural, sugeria que este não tem um efeito protector", explicam os autores. Agora, há provas para afirmá-lo.
Os investigadores escolheram as maternidades da Biolorrússia pois, nos anos 90, quando o estudo se iniciou, o país ainda não tinha adoptado uma série de medidas baby-friendly já introduzidas em quase todos os países ocidentais. "Nas nossas maternidades seria quase impossível fazer uma tão grande diferenciação entre os dois grupos em estudo", explicou Michael Kramer.
Este estudo não convence Isabel Rute Reinado, conselheira em aleitamento materno e co-fundadora do SOS Amamentação. "Tenho de saber mais sobre esta investigação, há muitos outros estudos que demonstram as vantagens da amamentação", afirma, quando contactada pelo DN. "Não é por causa de um só estudo que vou mudar a minha opinião", diz esta activista.
Além disso, recorda, "esta não é só uma questão de alimentação". Além dos benefícios para a saúde do bebé (por exemplo, minorando os problemas gastrointestinais no primeiro ano de vida) e para a mãe (ajudando a recuperação pós-parto), existe todo o lado emocional, de ligação entre mãe e filho. O SOS Amamentação recebe cerca de mil mails e 600 a 700 chamadas telefónicas por mês de mães com os mais diversos problemas na amamentação - "Os primeiros dias são os mais difíceis, com a subida do leite e a procura de uma boa posição. As mães precisam de ajuda para que possam ultrapassar estes problemas e ali- mentar os seus filhos com prazer e sucesso", explica Isabel Reinaldo.
O SOS Amamentação segue as orientações da Organização Mundial de Saúde e aconselha as mães a, dentro das suas possibilidades, darem o leite materno em exclusivo até aos seis meses e manterem o aleitamento até aos dois anos, desde que isso satisfaça a mãe e o bebé.»
Fonte: Diário de Noticias
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