segunda-feira, 30 de julho de 2007

Hospital recusa grávidas



«Dezenas de grávidas em final de gestação estão a ser recusadas no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada. Os serviços estão a sugerir às mulheres que, em caso de parto iminente, se dirijam para outras unidades de saúde quer na península de Setúbal quer em Lisboa (São Francisco Xavier ou Maternidade Alfredo da Costa).

De acordo com o testemunho de uma parturiente, com o parto previsto para esta semana, “a explicação que é dada é a falta de médicos, pois uns estão de férias e há outros que se vão embora, sem haver substituição. Nas consultas pré-parto só nos pesam e pouco mais e, quando mandam ir para outro hospital, não entregam nenhuma carta para apresentar aos médicos”, explica a futura mãe, que acabou por dar entrada na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Nas duas últimas semanas foram várias as grávidas que tiveram de recorrer a outros hospitais para ter o parto.

O director clínico do Hospital Garcia de Orta, Luís Antunes, contactado pelo CM, nega “qualquer situação de ruptura” nos Serviços de Obstetrícia, “estando as consultas pré-natal a ser efectuadas regularmente”.

Porém, explica o responsável, “em situações pontuais e em dias pré-definidos foi estabelecida, sob orientação da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, uma articulação com alguns hospitais, no sentido de aí se efectuarem alguns partos quando o serviço de Urgência não tivesse capacidade para o fazer”.

Trabalham no Serviço de Obstetrícia do Garcia de Orta 29 médicos especialistas e por ano realizam-se cerca de 4200 partos (mais de 11 nascimentos diários).

O HGO foi projectado para 180 mil utentes, mas serve mais de 375 mil. O futuro Hospital do Seixal, que poderá desanuviar a procura em Almada, só deverá abrir portas daqui a cinco anos.

165 MIL SEM ASSISTÊNCIA À NOITE

Na próxima quarta-feira o ministro da Saúde, Correia de Campos, reúne com o presidente da Câmara do Seixal para discutir o encerramento de dois Serviços de Atendimento Permanente (SAP) no concelho (Corroios e Seixal). Os dois SAP encerraram os serviços nocturnos na passada semana, estando apenas um gabinete aberto à noite para receber os 165 mil habitantes do concelho. A falta de serviços de saúde na Margem Sul (só na península de Setúbal residem mais de 750 mil pessoas) tem sido motivo de protestos nos últimos anos. A principal exigência é a construção do Hospital do Seixal (além de Almada, os hospitais de referência são os do Barreiro e de Setúbal), que será direccionado na prestação de cuidados de saúde em ambulatório (assistência clínica e cirurgia sem internamento prolongado). O futuro hospital funcionará em complementaridade com as três unidades e a abertura do concurso para construção deve ser no próximo ano. Deverá entrar em funcionamento em 2012.

RECENTE MAS SOBRELOTADO

O Hospital Garcia de Orta, situado na freguesia do Pragal, perto da praça da portagem da Ponte 25 de Abril, foi inaugurado em Setembro de 1991. Serve os concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra e, embora seja um dos maiores hospitais do País, há muito que atingiu o limite de capacidade – foi dimensionado para 180 mil, mas serve 375 mil utentes dos três concelhos e ainda presta apoio às regiões do Alentejo e Algarve em algumas especialidades.

A saturação no serviço de Urgências, com tempos de espera de várias horas, nomeadamente à noite, em certa medida devido à inexistência de assistência médica nos centros de saúde a partir das 20h00, levou à remodelação e construção de mais infra- -estruturas.

O Garcia de Orta foi o primeiro hospital em Portugal a receber o certificado ‘Hospital Amigo dos Bebés’, em 2005, uma iniciativa apoiada pela Unicef.

SAIBA MAIS

- 375 000 pessoas residem nos concelhos de Almada, Sesimbra e Seixal, três vezes mais do que em todo o distrito de Portalegre, por exemplo. José Sócrates colheu 83 129 votos em 2005.

- 334 milhões de euros pagos pelos habitantes dos três concelhos em 2006, entre contribuição autárquica, sisa, IRS e Imposto Automóvel.

DIREITO À SAÚDE

“O direito à protecção da saúde é realizado através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito”, é o que garante a Constituição Portuguesa.

ESPECIAL PROTECÇÃO

“As mulheres têm direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto”, refere o artigo 68.º da Constituição. O mesmo artigo refere que “a maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes”.


Edgar Nascimento»

Fonte: Correio da Manha
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=251812&idselect=10&idCanal=10&p=200
Temos que dar voz a estas criticas, não podemos deixar que se percam pelo caminho.

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