«A venda de sal iodado, como aconteceu em algumas regiões do País até 1996 devido a problemas de tiróide, está a ser equacionada depois de um estudo ter identificado carências de iodo em 80 por cento das grávidas.
João Jácome de Castro, um dos autores do estudo levado a cabo pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, adiantou que, segundo os resultados preliminares, 80% das mais de 2200 grávidas observadas em 10 maternidades portuguesas tinham valores de iodo abaixo do desejável e 20% valores muito abaixo do normal.
A deficiente ingestão de iodo pode levar ao hipotiroidismo e a um aumento da hormona hipofisária, que estimula a tiróide (TSH) na tentativa de compensar a diminuição. Estas alterações podem aumentar a tiróide (bócio) e, se o hipotiroidismo ocorrer durante o desenvolvimento pré-natal ou na infância, pode levar a atrasos mentais e de crescimento.
As carências durante a gravidez podem, assim, estar na origem de alterações cognitivas nas crianças, já que o desenvolvimento harmonioso do sistema nervoso está em grande parte dependente das hormonas da tiróide, que são de origem exclusivamente materna nos primeiros meses da gestação, recordou o investigador.
O iodo é um elemento que existe em pouca quantidade na natureza e que o organismo necessita para produzir as hormonas da tiróide, pelo que a sua quantidade na alimentação condiciona o funcionamento e as doenças daquela glândula. A segunda fase deste estudo já começou no distrito de Lisboa e pretende comparar os dados recolhidos entre as grávidas com os de crianças em idade escolar, a fim de propor às autoridades de saúde eventuais medidas para compensar a falta de iodo.»
Fonte:Diário de Notícias
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