quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Microbiologia: cientista português premiado


«João Paulo Gomes estudou bactéria responsável por infecções sexuais e cegueira

Avanços no estudo de uma bactéria responsável pela maioria das infecções sexuais e por casos de cegueira que atingem milhões de pessoas valeram ao investigador português João Paulo Gomes um prémio europeu de referência na área da microbiologia, noticia a Lusa.

O jovem investigador do Centro de Bacteriologia do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) recebe a 8 de Outubro o «PhD Award 2007», uma distinção atribuída às três melhores teses europeias de doutoramento de 2006 na área da sequenciação dos genomas de microorganismos patogénicos para o Homem, pela rede transeuropeia ERA-NET PathoGenoMics, financiada pela União Europeia.

Para João Paulo Gomes, receber o prémio «faz muito bem ao ego» e «é bastante gratificante», após cerca de cinco anos de investigação.

Em Portugal faz-se «investigação muito boa e com qualidade»

A tese de doutoramento «Contribution for the understanding of biological differences among Chlamydia trachomatis serovars using Genomics and Transcriptomics» foi defendida na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e o estudo foi feito em colaboração com o laboratório norte-americano Childrens Hospital Oakland Research Institute, na Califórnia.

«Este foi um trabalho feito essencialmente cá e isto mostra que em Portugal se faz investigação muito boa e com qualidade», afirma, realçando que «quem conhece um bocadinho a realidade dos Estados Unidos percebe que a investigação nos EUA, muitas vezes considerada de ponta, é feita à custa de mão-de-obra estrangeira».

No trabalho, João Paulo Gomes expõe as diferenças do genoma dos 18 serotipos da bactéria intracelular Chlamydia trachomatis, que afecta actualmente cerca de 80 a 90 milhões de pessoas no mundo.

As variantes desta bactéria são a maior causa bacteriana de infecções sexualmente transmissíveis e de traucoma, um problema que começa com uma inflamação no olho para depois se transformar numa conjuntivite crónica e que pode conduzir à perda de visão, comum em zonas rurais do Médio Oriente, África, Austrália, América Latina, entre outras.

O estudo

O estudo incidiu especialmente sobre a vertente de doenças sexualmente transmissíveis, um problema de saúde pública que afecta muito as mulheres europeias e que em cerca de 70 por cento dos casos é assintomática, causando complicações como a doença inflamatória pélvica, a gravidez ectópica e a infertilidade tubária, entre outras.

«As pessoas estão infectadas sem o saber, sem ter qualquer tipo de sintoma, o que faz com que sejam reservatórios de transmissão, e portanto transmitam aos seus parceiros com uma certa facilidade», explicou, salientando que «isto está na base da elevada prevalência desta bactéria em todo o mundo».

A tese de doutoramento consistiu «num estudo detalhado da biologia desta bactéria, nomeadamente nas diferenças a nível do código genético de todas as suas 18 variantes».

«Estudámos o melhor possível as variações genéticas de variante para variante, bem como as variações de funcionamento de alguns dos genes que nós sabíamos poderem ser importantes», a pensar no objectivo de contribuir para o «desenvolvimento de métodos de diagnóstico eficazes que façam o despiste das doenças em todo o mundo e, por outro lado, o desenvolvimento de uma vacina adequada ao combate a estas infecções», realça o investigador.

Descobriu que a bactéria é mais diferente de variante para variante do que se esperava.»

Fonte:Portugal Diário

Link: http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=858975&div_id=291

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