«RITA CARVALHO
Sabia que, até utilizar o bacio, um bebé chega a usar cinco mil fraldas, o que equivale a uma tonelada? E que cada uma demora cerca de 500 anos a deteriorar-se num aterro? A estimativa excede o nosso tempo de vida mas as empresas especializadas do sector garantem que não há engano. Por estranho que pareça, as fraldas são dos piores resíduos domésticos e aqueles que mais urge retirar dos aterros.
O Ministério do Ambiente está a analisar a forma de reciclar este material com que lidam milhares de famílias e que, juntamente com outros têxteis sanitários - como as fraldas de incontinência, os pensos higiénicos ou as batas e toucas usadas na saúde -, já representa quase 10% do lixo doméstico.
A tecnologia que permite separar o plástico e a componente orgânica existente na fralda já existe na Europa e pode estar prestes a chegar a Portugal. Mas para montar um sistema de reciclagem não basta haver solução de tratamento para os resíduos, realça Luísa Pinheiro, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente. "A constituição dos fluxos de reciclagem tem de ser bem construída de raiz. Tem de se definir a partilha de responsabilidades dentro do sistema e o modelo económico-financeiro adequado", explicou ao DN.
Tal como nas embalagens ou nas pilhas, há que estudar o mercado e o público alvo, definir a logística da recolha, os custos e contrapartidas financeiras para cada interveniente: produtor, consumidor e reciclador.
Este é, contudo, um resíduo com algumas especificidades, pelo que não basta copiar o modelo das outras fileiras geridas por entidades gestoras, diz Luísa Pinheiro. Não é expectável que seja criado um ecoponto próprio para colocar as fraldas nem que estas sejam recolhidas porta-a-porta a um determinado dia da semana, como acontece com os resíduos orgânicos. É que, além de serem produzidas em grande quantidade, não são um resíduo generalizado existente em todos os lares, e possuem um grande problema: cheiram mal.
Aura Carvalho, da Tecnoexpor, empresa que está a tentar trazer a tecnologia para Portugal, desmistifica a questão. "O porta-a-porta não é difícil de implementar. Mas o tipo de recolha deve ser adequado ao local onde se faz." Por exemplo: num local pode ser o camião que recolhe os lixos domésticos a transportar as fraldas num contentor específico. Noutro podem ser recolhidas em casa uma vez por semana se, entretanto, ficarem armazenados num recipiente que a empresa possui e garante não emitir cheiro.
Arranque do sistema
Em cima da mesa estão várias opções, explica Luísa Pinheiro: ou se fazem acordos voluntários com câmaras ou associações para recolherem estes resíduos, ou se aprova legislação a obrigar os intervenientes do sistema a recolherem e reciclarem. Outra diferença na implementação deste sistema é que ainda não há operadores no mercado, ao contrário de fluxos como o dos óleos em que, antes de avançar a lei, já havia empresas a operar no terreno.
O Ministério do Ambiente considera que o sistema deve arrancar, a título experimental, junto dos grandes produtores como as unidades de saúde ou as creches. Um ano depois deverá arrancar na prática. Se a opção for a criação de legislação específica, com objectivos de quantidades de recolha e reciclagem bem definidos, o processo será mais moroso.
Com esta reciclagem, será desviada dos aterros grande parte da matéria orgânica, para além de ainda ser possível reciclar o plástico. Duas tendências que respondem aos objectivos comunitários e às estratégias dos resíduos sólidos urbanos e biodegradáveis aprovadas pelo Governo.»
Fonte: Diário de Noticias
Link: http://dn.sapo.pt/2007/09/30/sociedade/um_bebe_cinco_fraldas_ficam_mais_500.html
Sabia que, até utilizar o bacio, um bebé chega a usar cinco mil fraldas, o que equivale a uma tonelada? E que cada uma demora cerca de 500 anos a deteriorar-se num aterro? A estimativa excede o nosso tempo de vida mas as empresas especializadas do sector garantem que não há engano. Por estranho que pareça, as fraldas são dos piores resíduos domésticos e aqueles que mais urge retirar dos aterros.
O Ministério do Ambiente está a analisar a forma de reciclar este material com que lidam milhares de famílias e que, juntamente com outros têxteis sanitários - como as fraldas de incontinência, os pensos higiénicos ou as batas e toucas usadas na saúde -, já representa quase 10% do lixo doméstico.
A tecnologia que permite separar o plástico e a componente orgânica existente na fralda já existe na Europa e pode estar prestes a chegar a Portugal. Mas para montar um sistema de reciclagem não basta haver solução de tratamento para os resíduos, realça Luísa Pinheiro, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente. "A constituição dos fluxos de reciclagem tem de ser bem construída de raiz. Tem de se definir a partilha de responsabilidades dentro do sistema e o modelo económico-financeiro adequado", explicou ao DN.
Tal como nas embalagens ou nas pilhas, há que estudar o mercado e o público alvo, definir a logística da recolha, os custos e contrapartidas financeiras para cada interveniente: produtor, consumidor e reciclador.
Este é, contudo, um resíduo com algumas especificidades, pelo que não basta copiar o modelo das outras fileiras geridas por entidades gestoras, diz Luísa Pinheiro. Não é expectável que seja criado um ecoponto próprio para colocar as fraldas nem que estas sejam recolhidas porta-a-porta a um determinado dia da semana, como acontece com os resíduos orgânicos. É que, além de serem produzidas em grande quantidade, não são um resíduo generalizado existente em todos os lares, e possuem um grande problema: cheiram mal.
Aura Carvalho, da Tecnoexpor, empresa que está a tentar trazer a tecnologia para Portugal, desmistifica a questão. "O porta-a-porta não é difícil de implementar. Mas o tipo de recolha deve ser adequado ao local onde se faz." Por exemplo: num local pode ser o camião que recolhe os lixos domésticos a transportar as fraldas num contentor específico. Noutro podem ser recolhidas em casa uma vez por semana se, entretanto, ficarem armazenados num recipiente que a empresa possui e garante não emitir cheiro.
Arranque do sistema
Em cima da mesa estão várias opções, explica Luísa Pinheiro: ou se fazem acordos voluntários com câmaras ou associações para recolherem estes resíduos, ou se aprova legislação a obrigar os intervenientes do sistema a recolherem e reciclarem. Outra diferença na implementação deste sistema é que ainda não há operadores no mercado, ao contrário de fluxos como o dos óleos em que, antes de avançar a lei, já havia empresas a operar no terreno.
O Ministério do Ambiente considera que o sistema deve arrancar, a título experimental, junto dos grandes produtores como as unidades de saúde ou as creches. Um ano depois deverá arrancar na prática. Se a opção for a criação de legislação específica, com objectivos de quantidades de recolha e reciclagem bem definidos, o processo será mais moroso.
Com esta reciclagem, será desviada dos aterros grande parte da matéria orgânica, para além de ainda ser possível reciclar o plástico. Duas tendências que respondem aos objectivos comunitários e às estratégias dos resíduos sólidos urbanos e biodegradáveis aprovadas pelo Governo.»
Fonte: Diário de Noticias
Link: http://dn.sapo.pt/2007/09/30/sociedade/um_bebe_cinco_fraldas_ficam_mais_500.html
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