segunda-feira, 8 de março de 2010

Stress e Infertilidade

Extenso mas bastante interessante ....



«Recente trabalho publicado na Revista Fertility and Sterility concluiu que o estresse pode ter um impacto negativo no sucesso do tratamento de infertilidade. Os autores são os médicos Jacky Boivin da Inglaterra e Lone Schmidt da Universidade de Copenhagen.


A importância de tal trabalho foi a de correlacionar também o estresse masculino às falhas dos tratamentos de infertilidade, embora com um papel menor que o estresse feminino. É importante deixar claro que os resultados encontrados não se deveram a quaisquer efeitos aditivos do estresse masculino sobre o feminino.

A avaliação do efeito do nível de estresse dos parceiros sobre os resultados dos tratamentos de fertilidade foi feita pela aplicação, a ambos parceiros, do Inventário de Estresse dos Problemas de Fertilidade — logo no início do tratamento.

Doze meses após, os casais foram novamente entrevistados para se determinar os tipos de tratamentos a que tinham sido submetidos, quantos ciclos e se o resultado tinha sido o sucesso almejado, definido como gravidez atual ou nascimento do filho.

Foram incluídos 818 casais, dos quais cerca de 60% tiveram sucesso terapêutico. Um em cada cinco casais foram submetidos a procedimentos de inseminação, enquanto o restante à fertilização in vitro (FIV) e injeção intracitoplasmática dos espermatozóides (ICSI).

Os pesquisadores ainda tiveram o cuidado de afastarem as variáveis confundidoras como as idades dos parceiros e o número de anos de infertilidade.

As mulheres que relataram mais estresse marital necessitaram, em média, de três ciclos de tratamento para a concepção, quando comparadas às mulheres menos estressadas que precisaram de apenas dois ciclos.

Mulheres estressadas também são menos propensas a ficarem grávidas em um determinado ciclo. Os pesquisadores encontraram que os domínios pessoais e maritais geradores de estresse são mais importantes do que o estresse surgido no campo das relações sociais. Eles concluem que o trabalho deles reforça o crescimento da base de evidência científica do impacto de estados psicológicos negativos em falhas de tratamento de fertilidade.

O impacto da infertilidade nos casais pode ser profundo. Ele é, geralmente, vivido como uma crise traumática e pode chegar a ter um efeito desmoralizante para a pessoa infértil, abalando profundamente a visão que o casal tem de si mesmo como uma unidade saudável. Muitas vezes, faz as pessoas sentirem-se defeituosas, envergonhadas e moralmente arrasadas e fracassadas.

Cada um dos membros do casal pode ter uma forma diferente de vivenciar os acontecimentos. Essas diferenças podem ser atribuídas a questões de gênero, a formas de lidar com os problemas e a diferença no desejo de cada um em relação aos filhos.Uma importante diferença com base no gênero é que os homens preferem evitar falar sobre o assunto e ir direto a ação, enquanto as mulheres preferem falar sobre a questão.

É interessante notar que abordar o assunto da infertilidade faz as mulheres se sentirem melhor, e os homens, pior.As pressões por parte da família e dos amigos para ter filhos somam-se às experiências de marginalização e descompasso em relação aos outros casais pelas quais passam aqueles que não podem procriar.O sentimento de perda e o luto são característicos da situação de infertilidade. A perda da experiência e a alegria de ser capaz de facilmente conceber, a perda da privacidade da concepção (a intervenção médica esta sempre presente), a perda da experiência de compartilhar um filho biológico, a perda da esperança de dar continuidade a linhagem familiar, essas são somente algumas das perdas.

A psicoterapia faz-se importante neste momento, pois é necessário reconhecer essas perdas e dar-lhes o valor adequado, ajudando assim, os casais a fazer o devido luto.É essencial que o casal busque auxilio para reconhecer as dolorosas perdas em cada estágio do processo de infertilidade, as quais variam entre o desapontamento que a mulher sente no momento da menstruação aos resultados negativos do exame laboratorial, às falhas nos tratamentos, aos abortos espontâneos.Por ser a infertilidade um assunto tão onipresente e cansativo, é importante orientar os casais a “se darem um tempo” e deixarem o assunto temporariamente de lado.

A planejarem momentos para falarem sobre a infertilidade e momentos em que este assunto possa ser colocado de lado, em seu lugar, algo prazeroso possa ser feito.A mesma idéia aplica-se ao sexo: há momentos de fazer sexo para procriação, e há momentos de fazê-lo só por prazer.
É possível controlar o estresse?

O que temos, atualmente, são medidas simples que minimizam os efeitos ou impactos negativos do estresse sobre o corpo ou a mente, além, é claro, do impedimento da evolução mais grave para um estresse crônico ou transtorno mental.
Entre essas medidas estão: procure identificar o nível de estresse, em primeiro lugar, com a ajuda de um profissional da área de saúde mental; reorganize sua rotina de vida, com hábitos e atividades mais saudáveis.


Aqui se encaixam os exercícios físicos, na freqüência de três vezes semanais, por um período de trinta minutos; a alimentação balanceada e correta, com gorduras poliinsaturadas, presentes em peixes de águas frias, como o salmão e o atum, folhas verdes e nozes.
Incluem-se também as atividades de lazer freqüentes, além do abandono de alguns hábitos como o tabagismo e consumo alcoólico; invista também em técnicas de meditação e relaxamento- controladoras do ritmo cardíaco. »


Fonte:Mosaico da psicologia