quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Adesivo melhora vida sexual das mulheres


SARA GAMITO


«Menopausa. O fim da vida reprodutiva acaba muitas vezes por perturbar a sexualidade da mulher. Desejo e fantasias sexuais tendem a diminuir progressivamente. Contudo, novos fármacos que atestam a importância da testosterona podem devolver a libido perdida As mulheres que temem que a menopausa se repercuta negativamente na sua vida sexual têm agora menos motivos para se preocupar. Segundo um estudo publicado no último número do New England Journal of Medicine, o adesivo de testosterona Intrinsa provou ser capaz de melhorar a perturbação de desejo sexual hipoactivo num elevado número de mulheres. Esta disfunção sexual é uma das mais prevalecentes entre as mulheres pós-menopausa e caracteriza-se pela diminuição do desejo sexual, da actividade sexual, do bem-estar físico e pelo aumento da fadiga.

Com a menopausa, dá-se a "perda de um suporte biológico na área da sexualidade, os estrogénios deixam de estar presentes a nível genital e ao nível do sistema nervoso. Isto vai alterar não só o bem-estar da mulher como a estrutura genital que começa a secar e a atrofiar, provocando dor no acto sexual", explica o médico Mário Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa. Porém, "os componentes androgénicos [como a testosterona] também têm importância", sublinha Mário Sousa.

Assim, a diminuição da tes- tosterona (hormona masculi- na por excelência, mas que também é produzida pela mulhe- res em menor quantidade) parece ser a chave muitas vezes esquecida para parte da diminuição do desejo e das fantasias sexuais na menopausa. Foi a partir desta premissa que foi desenvolvido o adesivo de testosterona Intrinsa.

Em pesquisas iniciais, este fármaco demonstrou a sua eficácia em melhorar a vida sexual de mulheres que haviam sofrido uma menopausa cirúrgica (aquelas a quem foi removido o útero e/ou os ovários por razões médicas) e que estavam a fazer terapia hormo- nal de substituição. Mais recentemente, foram apontadas as mesmas vantagens para mulheres que faziam terapia hormonal de substituição, mas que tinham entrado na menopausa de forma natural. Agora, o que a nova investigação vem apontar é a eficácia da Intrinsa para qualquer mulher que veja diminuída a sua libido ao entrar na menopausa.

A amostra deste estudo contou com 800 mulheres em menopausa, a quem havia sido retirado, ou não, o útero, e que não estavam a ser tratadas com estrogénio. Estas foram então divididas em dois grupos durante seis meses. Enquanto a um grupo era administrado placebos, ao outro eram aplicados diariamente adesivos de 150 ou 300 microgramas de Intrinsa. Todas as mulheres referiam perda de desejo sexual .

Periodicamente, foram levados a cabo questionários que visavam averiguar a satisfação sexual das participantes, avaliar o aparecimento de efeitos secundários e estabelecer a segurança do medicamento com o avançar do tempo.

"O adesivo de testosterona de 300 microgramas melhora significativamente a função sexual e reduz o sentimento de frustração em mulheres pós-menopausa que não recebem terapia hormonal de substituição.

O incremento na frequência dos episódios sexuais satisfatórios foi modesto, mas clinicamente significativo", concluem os autores da investigação, realizada pela companhia que produz o medicamento.

Porém, o presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa adverte que o Intrinsa só será eficaz "quando houver uma baixa de testosterona", não sendo um tratamento universal para todos os casos de perturbação de desejo sexual hipoactivo.

Os cientistas advertem ainda para o facto de as pesquisas terem de ser aprofundadas, considerando possíveis efeitos secundários graves como o cancro da mama. »

Fonte:DN
Link:http://dn.sapo.pt/2008/11/23/sociedade/adesivo_melhora_vida_sexual_mulheres.html

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