sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Grávidas com aids poderão amamentar filhos não infectados


«Quando se descobre que uma mulher portadora do vírus HIV está grávida, grande parte da atenção volta-se para a saúde do bebê. Todo o possível é feito para que o feto não contraia o vírus e possa se desenvolver adequadamente, inclusive depois do nascimento. Uma das medidas tomadas, nesse sentido, é a interrupção da amamentação ao peito com o objetivo de diminuir a exposição ao vírus, que pode ser transmitido pelo leito materno. Nesse contexto, estudos publicados sugerem que há uma relação entre a mortalidade infantil dessa criança e o número que a mãe apresenta de linfócitos T CD4, células do sistema de defesa do organismo que são atacadas pelo vírus e que indicam o estágio da infecção do portador. Acredita-se que o grau de imunossupressão da mãe (baixa defesa do organismo) afete negativamente a saúde do bebe.

Entretanto, não se sabe ao certo até que ponto tal efeito deletério (ou parte dele), entre eles a mortalidade, pode ser explicado pelo desmame precoce do bebê, visto que inúmeras pesquisas mostram que, quanto maior o tempo de amamentação, melhor é a saúde da criança. Interessados no assunto, pesquisa conduzida por pesquisadores dos Estados Unidos e da Zâmbia investigaram o papel da interrupção da amamentação e concluíram que apenas uma parte da mortalidade infantil em 18 meses dos filhos não-infectados de mulheres portadoras do HIV associada a um baixo número de células CD4 pode ser explicada pelo efeitos do desmame.

De acordo com artigo sobre o estudo que aguarda publicação no International Journal of Epidemiology, os pesquisadores analisaram um total de 1.435 mulheres grávidas infectadas por HIV entre maio de 2001 e setembro de 2004, atendidas em duas clínicas, na cidade de Lusaka, capital da Zâmbia.

Os resultados mostraram que os filhos não-infectados de mães com contagem de CD4 inferior a 350 tinham 2,9 mais chances de morrer em até 4 meses do que aqueles cujas progenitoras apresentavam um CD4 acima desse valor. Em geral, os valores normais de um indivíduo saudável não-portador de HIV variam entre 600 e 1200.

Além disso, segundo os dados apresentados, as crianças de mães com CD4 inferior a 200 durante a gravidez tinham 3,2 mais chances de óbito em até 18 meses se comparadas àquelas cujo CD4 materno era superior a 500. A interrupção da amamentação, por sua vez, também foi associada a um CD4 baixo. Após o ajuste para amamentação e baixo peso ao nascer, a associação entre mortalidade infantil e baixa contagem de CD4 ao longo de 18 meses foi reduzida em 17%.

“Nós identificamos que os filhos não-infectados de mães com imunossupressão mais avançada foram amamentados por menos tempo e apresentaram mortalidade mais alta em até 18 meses de vida comparadas às crianças de mães que não estavam imunocomprometidas (com a defesa do organismo prejudicada durante a gravidez)”, afirmam Matthew P Fox, da Boston University (EUA), e colegas, autores da pesquisa.

De acordo com os pesquisadores, se confirmados, os resultados devem ser levados em consideração quando da decisão de se recomendar ou não a amamentação para crianças de mães infectadas por HIV. “Os dados sugerem que é particularmente importante para mães com uma contagem baixa de CD4 próximas do parto persistirem em tentar dar de mamar aos seus bebês não-infectados, embora este risco deva ser balanceado com o risco elevado de transmissão do HIV e uma duração maior da amamentação”, destacam.

Os autores chamam a atenção, ainda, para um problema que assola, sobretudo, a África, onde os números de infectados pelo HIV são altíssimos e crescem assustadoramente, mas o acesso aos medicamentos de última geração é precário. “Uma disponibilidade maior de terapia anti-retroviral de alta eficácia (medicação para o HIV) deve também permitir às mães que amamentam a oportunidade de prolongar essa fase sem que haja um risco elevado susbstancial de transmissão do vírus e, conseqüentemente, dar aos seus filhos não-infectados a proteção e os benefícios adicionais (decorrentes) do leito do peito durante os primeiros meses críticos de vida”, concluem. “Nossos resultados devem ser levados em consideração quando da decisão de se recomendar ou não a amamentação para crianças de mães infectadas por HIV”.



Fonte: Agência de Noticias»

Fonte:Grande FM
Link:http://www.grandefm.com.br/news/news.aspx?news_id=238306

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