«Sofia Filipe
Os recém-nascidos sofrem muito com as chamadas cólicas do terceiro mês. É clinicamente complicado distinguir a cólica e o choro, não raras vezes deixando os pais preocupados. Existe uma solução para este problema, mas é fundamental consultar um especialista antes de administrar qualquer tipo de fármaco ao lactente. Os pais também devem ser tranquilizados, afinal, trata-se de um problema transitório.
A cólica, normalmente, caracteriza-se por episódios de irritabilidade, agitação e choro. Podem durar cerca de três horas por dia, surgindo três a quatro dias por semana, ao fim da tarde e noite. Afecta bebés com idades compreendidas entre os 15 dias e os 4-5 meses. Os pais, ao constatarem que o recém-nascido sofre, ficam nervosos, angustiados, ansiosos e, por vezes, sem saber o que fazer para atenuar a dor do bebé.
Quando o bebé tem cólicas apresenta um choro muito intenso, fica congestionado, ruborizado, tende a encolher as pernas, a barriga fica espástica, tem muitos gases e, por vezes, prisão de ventre.
«Para dizer que se trata de cólicas temos de excluir outras causas, por exemplo, se tem fome, ou se está desconfortável, e é importante que a mãe tenha a noção de que a criança, às vezes, chora porque quer que lhe prestem atenção», diz o Dr. Herculano Rocha, chefe de serviço de Pediatria do Hospital de D. Maria Pia, no Porto.
Além do mais, o Dr. Martins Roque, pediatra, director do Departamento de Medicina do Hospital de D. Estefânia, explica que «um recém-nascido tem o seu período de adaptação ao exterior, normalmente, com a duração de dois ou três meses. O choro está, muitas vezes, ligado à intenção do bebé chamar a atenção ou reclamar, seja contra o frio, o calor ou contra a dor. É neste fenómeno que se pode inserir a cólica, que se traduz por um choro intenso, sendo difícil sossegar a criança».
Acalmar o bebé, tranquilizar os pais Embora não haja consenso entre os especialistas em relação ao tratamento das cólicas, é importante diminuir a ansiedade da mãe, dizer-lhe que o problema é passageiro e, obviamente, acalmar o pequeno ser.
«Antes de qualquer procedimento, a mãe deve falar, acarinhar e manter uma interacção positiva com a criança, uma vez que não existem certezas sobre a causa das cólicas e, como tal, não há um tratamento adequado», salienta Herculano Rocha, prosseguindo:
«Não há medicamentos específicos para as cólicas, mas sim os que interferem na motilidade intestinal, ou medicamentos como o Aero-om, que tendem a diminuir os gases.»
«O Aeoro-om ajuda a acalmar a criança», explica Martins Roque, argumentando:
«A verdade é que para muitos pode parecer inócuo, mas verificamos que ao parar com o medicamento as cólicas voltam. Não sabemos se é por razões psicológicas, mas a verdade é que funciona.»
Por outro lado, o Dr. Libério Ribeiro, pediatra e presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, indica que «não há nenhuma panaceia totalmente eficaz para as cólicas do lactente. A educação dos pais nas relações com o filho é o primeiro passo e talvez o mais importante. O aleitamento materno e a utilização de leites especiais podem ser necessários. A administração de chás de ervas (maçã, anis, camomila, canela e menta) é aconselhada por alguns médicos, embora de resultados discutíveis».
«Há medicamentos em gotas que, pelo seu efeito antiespasmódico ou antiflatulente, conferem algum alívio ao bebé», continua Libério Ribeiro, acrescentando:
«Medidas como massajar a barriga do bebé ao mesmo tempo que se flectem os joelhos sobre o abdómen, ou deitar o bebé no colo de barriga para baixo, podem ajudar a aliviar as cólicas. No caso de haver prisão de ventre, podem ser utilizados medicamentos tipo laxante, que aceleram o movimento do intestino, mas nunca devem ser dados sem prévia indicação do pediatra.»
Várias hipóteses As causas exactas das cólicas não são conhecidas, mas são colocadas várias hipóteses: alguns especialistas apontam a alergia ao leite materno, ou aos leites artificiais, mas a verdade é que quando se faz a substituição o problema não fica resolvido.
Outra explicação para a ocorrência de cólicas tem que ver com a dificuldade na eructação e na passagem do ar através do intestino, havendo também quem «responsabilize» a imaturidade do aparelho digestivo e a alimentação. Existem, ainda, estudos que indicam que o final de uma gravidez com angústia e ansiedade se reflecte no recém-nascido através do choro e das cólicas.
Todavia, não é um problema grave. Além disso, é passageiro.
«É fundamental a nossa capacidade de tranquilizar os pais, de lhes dizer que a criança está bem, que não tem nenhum problema de saúde e que não há razão para estarem preocupados», alerta Herculano Rocha.»
Fonte:Médicos de Portugal
Link:http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/282/
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Cólicas fazem sofrer recém-nascidos
Postado por Paulo Pires às 10/22/2008 02:00:00 da tarde
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