terça-feira, 14 de julho de 2009

Gripe A - Médicos não aconselham vacina no início da gravidez


«Os médicos aconselham que as grávidas não sejam vacinadas nos primeiros meses devido aos riscos para o feto. E ainda é preciso analisar a segurança da nova vacina - testes só começam em Agosto. Por isso, as autoridades ainda não decidiram as orientações a dar relativamente à vacinação. Ontem, registou-se a primeira infecção numa grávida em Portugal.

Os médicos não aconselham que as grávidas até aos três meses sejam vacinadas contra a gripe A. Isto porque a vacina pode afectar o desenvolvimento do feto. No entanto, os especialistas dizem que este pode ser um caso em que vale a pena pesar os riscos e as vantagens e, em certos casos, vacinar. A dificuldade em conseguir respostas sobre a segurança da nova vacina é a razão pela qual ainda não foi decidida a orientação quanto à imunização das grávidas.

Aliás, também o tratamento com antivirais precisa de ser ponderado. A primeira grávida infectada com o vírus H1N1 em Portugal está a reagir bem ao tratamento com Tamiflu, mas "a decisão só foi tomada depois de se reunir a equipa de obstetrícia e serem pesados os prós e contras", explica Laurindo Frias, director clínico do Hospital de Ponta Delgada. A mulher de 33 anos, grávida de três meses, é um dos dez novos casos de gripe A registados ontem no País, num total de 71 desde o início da pandemia.

Desde a morte de uma rapariga de 20 anos, grávida, em Espanha, que a Organização Mundial de Saúde recomenda que se preste atenção redobradas às grávidas. E ontem morreu mais uma mulher à espera de bebé devido à gripe, desta vez em Los Angeles. "Parece existir um risco acrescido para grávidas, sobretudo perto do fim da gestação", explica Graça Freitas, da Direcção-Geral de Saúde. "Mas ainda estamos à espera de testes para saber se é eficaz e segura", revela a perita,

Quanto à recomendação dos médicos para não dar a vacina até aos três meses de gestação, Graças Freitas admite "que por regra as grávidas não são vacinadas nos primeiros meses", mas refere que é "preciso analisar as vantagens".

Mas mesmo que seja segura, "qualquer vacina é contra-indicada nos primeiros três meses de gestação porque há o perigo de interferir com o normal desenvolvimento do feto", alerta Daniel Pereira da Silva, director do serviço de Ginecologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra. "Mesmo com um vírus morto, até que haja ensaios específicos para grávidas é desaconselhado. É uma regra geral", explica.

Também o infecciologista Fernando Maltez considera que "é aconselhável evitar vacinas nos primeiros três meses da gravidez". No entanto, "se for preciso, dá-se na mesma", ressalva. Ou seja, se se concluir que o perigo potencial para a grávida e para o feto de apanhar gripe é maior do que os riscos da vacina, então esta é recomendada. Se a grávida for asmática, por exemplo. O mesmo se aplica aos medicamentos, acrescenta.

Ontem, a própria ministra Ana Jorge anunciou que quando se definiu o número de vacinas a pedir (30% da população) incluíram-se os grupos de risco já definidos e deixou-se "margem para outros grupos de risco que sejam mais tarde definidos em função da evolução e do conhecimento científico". Um desses casos são as grávidas. E segundo a ministra, em breve será decidido se todas as grávidas e todas as crianças fazem parte (ver caixa) dos grupos prioritários para a vacina. Se os testes, planeados para o Verão, provarem que a vacina é segura, as grávidas perto do fim da gestação serão de certo uma prioridade. »

Fonte:DN
Link:http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1304217

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