segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hiperactividade: Crianças ligadas à corrente


«É como se estivessem ligadas à corrente: as crianças com hiperactividade parecem estar sempre

parecem estar sempre a mexer-se e a mexer em tudo, mostrando uma extrema dificuldade de concentração. O baixo rendimento escolar é uma das consequências.

Imaginemos uma criança que não pára quieta. Que não consegue estar dois minutos seguidos sentada à mesa ou que, quando está, mexe em tudo e abana as pernas sem cessar.

Que liga a televisão mas perde o interesse num ápice, trocando-a pela consola e logo depois por outro qualquer jogo, sem se empenhar em qualquer uma das actividades. Que corre pela casa, dá pulos no sofá e na cama, sem parecer cansar-se. E que na escola é incapaz de se concentrar cinco minutos que seja, deixa as tarefas a meio, interrompe os outros a todo o instante, é constantemente repreendida pelo professor e alvo da troça dos colegas.

Esta é, provavelmente, uma criança hiperactiva, que sofre de Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção. Um comportamento que afecta sobretudo os rapazes - três vezes mais do que as raparigas.

E em Portugal estima-se que abranja três a sete por cento das crianças em idade escolar. São crianças para quem todos os estímulos são percebidos e seguidos de acção. Mas para que o diagnóstico seja de hiperactividade não bastam algumas semanas de uma agitação excessiva. Apesar de invulgar, esse comportamento pode ser meramente circunstancial e dever-se, por exemplo, a uma mudança de casa ou ao nascimento de um irmão.

A situação só é preocupante quando as perturbações comportamentais se prolongam para além de seis meses e se manifestam antes dos sete anos: a diferença mede-se pela cronicidade e intensidade da falta de atenção, da impulsividade e da agitação.

Não está bem identificada a causa desta perturbação. Os investigadores dividem-se: uns apontam para origens biológicas, outros encontram explicações em factores familiares e sociais. Não está provada nenhuma das teses, embora seja aceite um meio-termo - estas crianças terão uma vulnerabilidade genética a que podem juntar-se circunstâncias psicossociais desfavoráveis, como condições de vida difíceis ou acontecimentos desestabilizadores.

Rendimento escolar ameaçado

Depois de feito o diagnóstico, é necessário intervir. A maioria destas crianças é medicada, à base de um psicoestimulante que lhes confere maiores períodos de atenção. Não conduz, porém, à cura, com os terapeutas a considerarem que esse caminho - traçado por um especialista do comportamento - deve ser trilhado em conjunto por pais e educadores.

Estas crianças enfrentam, com frequência, grandes dificuldades escolares e relacionais. São criticadas e rejeitadas pela família e pela escola - aqui têm poucos colegas, porque não conseguem integrar-se, ao mesmo tempo que angariam constantes comentários negativos dos professores devido ao défice de aprendizagem e atenção.

À hiperactividade juntam-se, muitas vezes, perturbações da linguagem e da leitura, o que dificulta a sua integração na aula. E à medida que se sentem rejeitadas, estas crianças tendem a desenvolver uma timidez excessiva e a temer o fracasso, o que as leva a fecharem-se sobre si próprias, podendo abrir as portas a um estado depressivo.

Perante este quadro é necessário intervir. Na escola e em casa. Porque os medicamentos apenas oferecem transitoriamente a possibilidade de se comportarem de forma diferente, interrompendo o processo de rejeição, mas não resolvem a perturbação. Daí que os medicamentos sejam, em regra, associados às chamadas terapias comportamentais e cognitivas, destinadas tanto às crianças como aos pais.

Ajudam os hiperactivos a reflectir antes de agir e dão aos pais as ferramentas que lhes permitirão incentivar os filhos nesta nova atitude. A missão do terapeuta é mostrar que é possível planificar e organizar a vida quotidiana, em vez de fazer tudo e nada ao mesmo tempo.

Regras simples mas eficazes

É preciso motivar as crianças hiperactivas. O que se consegue estabelecendo regras, algumas muito simples: só começar uma tarefa depois de concluída a anterior, arrumar os brinquedos após cada utilização, permanecer à mesa até ao prato principal (para evitar que se levante de cinco em cinco minutos), fazer os trabalhos de casa num ambiente sem distracções (afastando objectos que possam suscitar distracção).

O importante é que a criança hiperactiva reflicta sobre o seu comportamento e perceba que existem alternativas. E com esse objectivo cabe aos pais e professores agir, em vez de reagir. Para estas crianças, a qualidade do ensino passa por uma estratégia que lhes aumente a concentração.

Sentarem-se na primeira fila ajuda: ficam mais próximas do docente e do quadro, têm menos oportunidades de se distraírem com os colegas (e de os distraírem); por outro lado, esta proximidade permite ao professor enfatizar a importância do que está a dizer ou escrever, chamando à atenção, verificando se estes alunos compreenderam o que foi transmitido. Perante crianças hiperactivas, que não param quietas, há que deixar-lhes alguma margem de manobra e permitir, por exemplo, que se levantem uma vez ou outra.

Tanto na escola como em casa há que saber recompensar os avanços - os esforços, como os sucessos.

Mas também há que saber punir sempre que não completa uma determinada tarefa. Com equilíbrio e justiça, naturalmente. Para que recompensas e punições tenham o devido efeito na construção da autoestima da criança.

A ajuda dos pais

A hiperactividade afecta tanto as crianças como os pais, que se esgotam em múltiplas tentativas para lidar com esta situação difícil. De tudo experimentam e muitas vezes sentem faltar-lhes a coragem. Mas podem, de facto, ajudar os filhos a concentrar-se e a protagonizar comportamentos mais tranquilos e estáveis. Aqui ficam algumas sugestões:

• Criar regras simples e explicar à criança o que pode acontecer se transgredir, sendo que os castigos devem ser rápidos e consistentes, além de justos naturalmente;

• Estabelecer horários e prazos, uma forma de ajudar estas crianças que estão em constante actividade, se distraem e esquecem facilmente das suas tarefas;

• Acompanhar a criança no desempenho das suas tarefas, de modo a combater as dificuldades de concentração;

• Recompensar os esforços, não apenas os bons resultados.

A ajuda dos professores

A escola é, com a casa, um eixo fundamental no tratamento das crianças hiperactivas, cujos resultados escolares são, regra geral, pouco famosos. Aos professores compete captá-las para a aprendizagem. São crianças que requerem uma atenção especial.

Assim:

• A criança hiperactiva deve sentar-se na primeira fila;

• O professor deve verificar se o aluno compreendeu bem as tarefas que lhe foram destinadas;

• A criança deve ser autorizada a levantar-se de vez em quando;

• A s tarefas devem ser divididas por forma a que a criança faça uma parte primeiro e possa terminá-las mais tarde;

• O professor deve estabelecer um equilíbrio entre as recompensas e as penalizações.»

Fonte:Médicos de Portugal
Link:http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/2821/?textpage=1

1 comentário:

Anónimo disse...

ola,tenho uma filha de 20 meses,k nao para um segundo,e o pior de tudo,muito nervosa,nao adianta kualker tentativa da nossa parte,se dissermos"nao se faz isso",mais rapido ela vai la e faz novamente. nao sabe brincar,ate a brincar se enerva,e com esta idade ainda nao fala,tera a ver com a hiperactividade? k conselhos me da?
obrigado