«por LARISSA PURVINNI, MÃE DE CAROL E DUDA, E CÍNTIA MARCUCCI, FILHA DE MARIZA E EMILIANO 02 de fevereiro, 2007
É isso mesmo. Assim que a gente engravida, tem de tomar cuidado com o que faz porque o sujeito lá dentro saca tudo. Ao responder a estímulos como o som da sua voz e o balanço da barriga quando você dança, o cérebro dele já começa a formar conexões
Há vida inteligente dentro da barriga. Cada vez mais os estudiosos confirmam o que a gente sempre soube: os bebês são capazes de aprender ainda no útero. O que os cientistas chamam de inteligência depende das sinapses – ligações que se estabelecem entre os neurônios, as células do cérebro. Quanto mais estímulos, mais sinapses e maior a capacidade de aprendizado. Para que as tais sinapses se formem, é preciso que o bebê – e, agora confirma-se, o feto – seja exposto a estímulos externos. “Como estímulos do ambiente não acontecem apenas após o nascimento, podemos supor que haja formação de sinapses já dentro da barriga”, diz o neurologista Luiz Celso Vilanova, pai de Tatiana, Viviane, Rodrigo e Luiz Gustavo, chefe do setor de Neurologia Infantil da Unifesp.
A idéia de que o feto faz mais dentro da barriga do que apenas crescer e tomar forma, é mais velha que andar pra frente. Os egípcios já pensavam na vida intra-uterina, filósofos da Antigüidade falavam em inteligência fetal e é de Leonardo Da Vinci a frase “a mesma alma governa dois corpos”, sugerindo que o que a mãe faz e sente influencia na formação do bebê. Pesquisas sobre psiquismo fetal demonstram que as habilidades apresentadas pelos recém-nascidos começam a se desenvolver muito antes de nascerem.
Até a década de 1980, o útero era visto como uma caixa-forte, que isolava o feto do mundo. Acreditava-se que a seqüência e o ritmo do desenvolvimento eram determinados apenas por componentes biológicos e genéticos e o ambiente pouco interferia. Tudo isso caiu por terra com a evolução da ciência e coisas que agora nos parecem banais, como o ultra-som: já está comprovado que a partir da 20ª semana de gestação o bebê reage a estímulos auditivos. Traduzindo: é capaz de escutar e consegue reconhecer a voz da própria mãe entre as de outras mulheres. E essa capacidade não é biológica, não está inscrita nos genes. Ou seja, é aprendida.
Dizem até que é bom expor o bebê a sons de diversos idiomas, além da língua materna. Se nunca teve contato com francês, inglês, espanhol, vai-se perdendo a capacidade de distinguir os sons dessas línguas. Mas não vai pirar, hein? Não vale entrar na neura de ensinar mandarim para embrião. Socorro!
Música para fetos
Sem entrar na loucura de criar gênios, sempre é curioso acompanhar os estudos científicos. Experiência numa maternidade inglesa revelou que fetos de 5 meses acalmavam-se ao executar Vivaldi e Mozart e ficavam agitados com Beethoven, Brahms e rock. A prova de que gosto se adquire é que a esposa de um roqueiro tentou colocar músicas clássicas logo depois que o bebê nasceu, mas sua garotinha só dormia com as músicas do pai, que ela ouviu durante toda a sua vida intra-uterina. Ou seja: nem todo feto curte os clássicos.
O desenvolvimento sensorial segue uma seqüência: primeiro o tato, depois o olfato e o paladar, em seguida o equilíbrio, a audição e finalmente a visão. A audição é um dos sentidos mais estimulados. Embora os bebês prefiram a voz feminina, a de homens próximos também é reconhecida. Um pai cantava o hino do time durante a gravidez da mulher. Depois do nascimento, era só cantar “Salve o Corinthians...” que a criança se acalmava.
Outra evidência de que o bebê guarda memórias de antes de seu nascimento está no reconhecimento do leite materno. Uma das hipóteses é que ele tenha uma memória do odor ou que exista alguma semelhança entre o sabor do leite e o do líquido amniótico.
Pode parecer esquisito hoje, mas, há algumas décadas, os estímulos eram vistos até como nocivos. Os bebês prematuros eram deixados num quarto escuro, sem barulho, embrulhados como um charuto. Ao chegar ao sistema de ensino, essas crianças tinham dificuldades de aprendizado, claro. Também, não viam nem a luz do sol quando pequenos...
A explicação era muito simples: tudo culpa de ter nascido antes do tempo, óbivo. Só que, na época, cerca de 30 anos atrás, os prematuros tinham 1,5 kg. Hoje, bebês que nascem com muito menos, até 600 g, se dão muito melhor na escola depois, resultado de muita estimulação precoce e contato com os pais já na UTI neonatal. “Quando comparamos o comportamento dos bebês brasileiros ao dos bebês americanos, vemos que as crianças de lá são mais desenvolvidas aos 3, 4 ou 5 meses. Eu acredito que a estimulação recebida dentro do útero também faça diferença”, diz Vilanova. De novo, a dica é não achar que tem que comprar livros, fitas e DVDs sobre estimulação fetal. Conversar com bebê já é um estímulo e tanto.
Pelo útero também chegam ao feto todas as emoções e sentimentos da mãe. Sim, ele ainda em formação percebe se você está nervosa, agitada, feliz e tem seu desenvolvimento afetado. E naqueles nove meses nos quais ele vira gente, a única pessoa que também faz parte do seu mundo concreto é a mãe. Apesar dessa coisa toda parecer um pouco mística, há uma explicação palpável: os sentimentos provocam reações concretas no organismo da mãe, como alterações da respiração e dos batimentos cardíacos.
Com essas informações é possível imaginar que o bebê se sinta mais ou menos confortável, quando a mãe passa por momentos agradáveis ou desagradáveis. Claro que é impossível evitar o stress , a raiva e a tristeza durante longos nove meses. O importante é ser franca com o filho desde já. “Toda gestação é permeada pela ambivalência e é um grande engano pensar que o bebê não percebe. Ele está dentro da mãe e, mesmo que ela finja que está tudo bem, ele sabe que não é assim. Logo, temos que falar a verdade, expressar nossos sentimentos. A contenção é que faz mal”, diz a psicoterapeuta especializada em trabalhos com gestantes, bebês e pais Eliana Pommé, mãe de Luana, Naila e Petrus. O bebê já sabe tudo. E o que ele ainda não sabe, você pode ajudá-lo a aprender, sendo a melhor mãe que puder ser.
COMO O BEBÊ SE DESENVOLVE
3 semanas: seu bebê é ainda um pequeno pontinho, do tamanho de uma cabeça de alfinete e está em plena divisão celular.
6 semanas: o coração está batendo. O tubo neural, que se transformará no cérebro e na coluna, está formado. Ele já tem sensibilidade na sua “pele”.
10 semanas: já possui todos os órgãos. São criados 250 mil neurônios por minuto. O feto tem 3 centímetros. São notadas as sensações de frio e calor.
12 semanas: apresenta movimentos semelhantes à respiração. Especialistas concordam que até a semana seguinte ele não é capaz de sentir dor.
14 semanas: o feto responde a estímulos e, em 15 dias, será capaz de mexer os olhos. Tem 9 centímetros e 48 gramas.
20 semanas: ele começa a ouvir sons. As pálpebras estão formadas, mas os olhos ainda permanecem fechados. Já existe a reação a gostos diferentes.
22 semanas: o córtex cerebral está formado. Na semana seguinte, movimentos oculares indicam sonho.
26 semanas: o bebê pisca quando um foco de luz é colado à barriga da mãe. Pode sobreviver ao parto prematuro.
30 semanas: com quase 7 meses, o feto está maduro. Abre e fecha os olhos, chupa o dedo, chora e se mexe muito.
34 semanas: pulmões estão desenvolvidos e 8% do peso é gordura. O útero é pequeno para o bebê, que quase não se mexe.
40 semanas: final da gestação. Nessa fase, ele ganha até 30 gramas por dia e já está preparado para o nascimento, levando na bagagem tudo o que viveu dentro do útero.
...»
Fonte:Revista Pais & Filhos
Link:http://revistapaisefilhos.terra.com.br/htdocs/pf_index.php?id_pg=112&id_txt=640
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Seu bebê sente tudo
Postado por Paulo Pires às 2/22/2008 10:27:00 da manhã
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