segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cancro do colo do útero rastreado


«45 mil mulheres açorianas, com idades compreendidas entre os 24 e os 65 anos, vão ser alvo de um programa de rastreio ao cancro do colo do útero, que deverá avançar no arquipélago até ao final do primeiro semestre deste ano.



O rastreio será desenvolvido pelo centro de Oncologia dos Açores(COA), em articulação com os Centros de Saúde Regionais, embora algumas unidades ainda desconheçam a existência deste programa, segundo apurou o AO online.
Já foi aprovado pela Secretaria Regional de Saúde, estando em “fase de operacionalização” no terreno pelo COA, que será a entidade coordenadora.
Na semana europeia da prevenção do cancro do colo do útero, a Directora Regional da Saúde, Sofia Duarte, está “optimista” quanto ao resultado deste programa prevendo que venha a ter uma taxa de cobertura da ordem dos 75%.
Caberá aos Centros de saúde fornecer os dados relativamente às mulheres que constituam o alvo deste rastreio e o COAprocederá ao seu contacto. O rastreio é feito no Centro de Saúde através da realização de “uma citologia em meio líquido”, segundo avançou Sofia Duarte, que poderá ser executada por um enfermeiro e a recolha será enviada para análise laboratorial, também coordenada pelo COA.
“Caso não tenham meios técnicos , o governo encarregar-se-à de apetrechar o COA desses meios”, garante Sofia Duarte.
O rastreio do cancro do útero, ao contrário do que acontece noutro tipo de neoplasias não visa a detecção do tumor mas a identificação de lesões pré malignas anormais numa altura em que possam ser removidas ou tratadas, antes de evoluirem para cancro.O rastreio mais convencionalfaz-se através da realização de um exame ginecológico, denominado Papanicolau, a ser executado pelo médico de família e consiste na recolha de uma amostra de células do colo do útero da mulher, sendo posteriormente enviada para laboratório a lâmina com a recolha. Oexame que consta do programa regional não será o mesmo que o desenvolvido a nível nacional, embora a Directora Regional afiance “que é mais rigoroso e menos invasivo”, deixando em aberto uma decisão final sobre a escolha. A relevância da opção prende-se com os recursos humanos necessários. O Papanicolau é feito apenas pelo médico de família “que é decisivo e sem eles nem vale a pena falar em programas organizados de rastreio”, garantiu ao Açoriano On Line Carlos Oliveira, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstectricia e coordenador do programa de rastreio da Região Centro , que há mais de 20 anos vem lutando pela implementação de um programa do género no arquipélago.
A comunidade cientifíca é unânime no reconhecimento de que se trata do método de prevenção primária “mais eficaz”, para evitar o aparecimento do cancro do colo do útero, referiu ao AO online o delegado de saúde de São Miguel, Mário Freitas.
70% das mulheres, durante a sua vida sexual , podem ser infectadas com os quatro tipos mais comuns do vírus do papiloma, transmissível apenas por via sexual. Daí que “comportamentos promíscuos” com vários parceiros ou quando o parceiro é portador do vírus por ter tido uma multiplicidade de relações, “estejam mais vulneráveis” adianta o oncologista Rui San Bento.

Morbilidade elevada em casos malignos

O cancro do colo do útero, sobretudo numa fase avançada, é incurável e a caminhada para a morte é “muito complicada”, garante o oncologista Rui San Bento.
Em causa, está o facto desta neoplasia se desenvolver na cavidade pélvica, levantando inúmeras questões de infecções e reações no organismo que “exigem muita atenção e cuidados”, adianta o especialista.
Segundo dados preliminares do Registo Oncológico dos Açores, entre 2000 e 2002, foram diagnosticados 57 novos casos, um número que se aproxima das médias nacionais.
Na Europa são diagnosticados, anualmente, 33.500 novos casos, registando-se 15 mil mulheres mortas todos os anos. A nível mundial, os números ainda são mais avassaladores: 500 mil novos casos, 250 mil resultam em morte. É o segundo cancro a matar mais mulheres.

Carmo Rodeia »

Fonte:açoriano oriental
Link:http://www.acorianooriental.pt/noticias/view/178821

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