sexta-feira, 3 de abril de 2009

Natação ajuda no desenvolvimento dos bebês e aumenta vínculo materno

«Thaís Camargo


"Pula sapinho, pula sapão, pula bem alto e faz um bolão". Entoando com vozes suaves, quase inaudíveis, as mamães cantam para incentivar os bebês a aprenderem fazer bolinhas com a boca na água da piscina. Em resposta, elas recebem olhares atentos e sorrisos ainda sem dentes de seus filhos que não se intimidam e afundam parte do rosto na água. É nesse clima de afeto mútuo que acontecem as aulas para crianças a partir dos seis meses na academia Gustavo Borges, em São Paulo.

Em meia-hora, os atletas mirins recebem as primeiras lições do esporte em uma piscina de água morna. Para começar acostumá-los a ficar com a cabeça submersa, a professora usa uma bacia furada que funciona como uma espécie de banho de chuveiro. A reação? Carinhas felizes e risinhos tímidos.

Sempre estimulados por uma canção, os pezinhos e mãozinhas inquietos esborrifam água para todos os lados. Assim, já é possível perceber as incipientes braçadas dos pequeninos. Andréa Campilongo Orsi, 32 anos, acompanha Giulia em sua segunda aula. "Ela está amando", conta. "Meu filho de 2 anos já faz e resolvi colocá-la também mais por precaução porque tenho piscina em casa", fala. A animação da garotinha de sete meses reforça as palavras da mãe.

Os maiorzinhos já até pedem para ir à aula. "Na noite anterior, ele diz que quer ir à natação", diz Ana Cristina B.V. Junqueira, 37 anos, mãe de Luiz Gustavo, 2 anos. Tiago, 2 anos, sente-se tão à vontade quanto um peixe na água. Sobre uma bóia retangular, ele caminha até terminar num rápido mergulho. "A aula para ele é algo muito natural e ainda é um tempo que tenho para ficar muito próxima ao Tiago", fala Luciana Beetrati, 36 anos.

E é esse tipo de aula que Gustavo Borges tenta reproduzir em seu primeiro livro infantil, o Tchibum!, que acaba de ser lançado pela editora Cosac Naify. "Desde que parei de nadar (em 2004) sentia vontade de fazer um projeto voltado para as crianças", afirma.

As palavras foram trocadas pelas coloridas ilustrações de Daniel Kondo. "O Tchibum! ilustra a primeira aula de um bebê desde o mergulho até o encontro com a mãe", explica Borges. "O fato de não ter texto dá abertura para crianças e pais usarem a imaginação", fala.

Segundo Borges, a publicação é lúdico-educativa e tem por objetivo retratar técnicas da natação, como o mergulho e as braçadas. "O esporte é importante às crianças porque auxilia no desenvolvimento psicomotor", diz.

E o atleta tem razão. Médicos afirmam que quanto mais cedo se inicia uma atividade física, maior a chance de continuar a prática do esporte quando adulto. "As crianças criam intimidade com os movimentos corporais e acabam pegando gosto pela prática de um esporte", fala Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, cardiologista, fisiologista e médico do esporte da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME).

A natação é uma das práticas mais recomendadas para os pequenos. "A criança tem facilidade em lidar com a água por ter vindo de um meio aquático, afinal, é a última lembrança que tem antes do trauma do nascimento", diz Silvana Vertemati, pediatra do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos.

Os bebês só têm a ganhar. "Essa modalidade esportiva ajuda no fortalecimento muscular e no ligamento do osso com a musculatura", informa Silvana. "O bebê ainda adquire melhora na coordenação motora, além de aumentar o vínculo de confiança entre o bebê e a mãe", completa. Outro ponto favorável é contribuir com a socialização pois a criança convive com outras e ainda divide os brinquedos durante as atividades.

Por se tratar de "nadadores" iniciantes, recomenda-se realizar aulas sempre acompanhados pelos pais e de duas a três vezes por semana de, no máximo, meia hora. "Nesse caso, a natação não deve ser encarada como um treinamento, mas como um meio para promover o desenvolvimento saudável", alerta Nóbrega. "É fundamental procurar um profissional habilitado para dar as orientações de maneira correta", fala o especialista.

Cuidados extras com os bebês
De acordo com a pediatra Silvana, os bebês ainda estão adquirindo imunidade nos primeiros meses de vida, portanto, é bom ficar atenta a alguns cuidados. "Antes de começar a natação, é importante o bebê passar por uma rigorosa avaliação médica", comenta a médica.

Algumas atitudes simples evitam doenças associadas com freqüência à essa modalidade. A otite (inflamação de ouvido), por exemplo, dificilmente atingirá a criança se a mãe secar e limpar por completo a parte externa do ouvido. Já o resfriado ficará longe se o miniatleta for bem agasalhado depois de sair da piscina.»

Fonte:Terra
Link:http://mulher.terra.com.br/interna/0,,OI3658686-EI1377,00-Natacao+ajuda+no+desenvolvimento+dos+bebes+e+aumenta+vinculo+materno.html

Sem comentários: