quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Cancro no colo do útero resolvido sem extracção total


«Regra geral, o cancro do colo do útero, que afecta principalmente mulheres em idade fértil, é resolvido com extracção total. Ontem, numa intervenção inédita no país, o IPO de Coimbra tratou uma jovem de 28 anos, sem comprometer a possibilidade de uma gravidez futuraEstima-se que o cancro do colo do útero mate uma mulher por dia em Portugal.

A doença, silenciosa no início e causada por um vírus, atinge geralmente mulheres jovens, muitas vezes ainda sem filhos e com o desejo natural de formarem família. Porém, o tratamento seguido até aqui compreende a cirurgia total, inviabilizando a gravidez.Ontem, o Centro Regional de Coimbra do Instituto Português de Oncologia (IPO) «deu um passo em frente no tratamento de uma forma conservadora».

Daniel Silva, director do Serviço de Ginecologia, chefiou com êxito uma intervenção cirúrgica baseada numa técnica criada pelo médico francês Daniel Dargent, que não inviabiliza a capacidade reprodutora.De uma forma simplificada, a operação explica-se como sendo uma intervenção direccionada ao cancro no colo do útero, sem extracção, e limpeza dos tecidos envolventes. Papel fundamental cabe ao laboratório, à histopatologia, que no decorrer da operação vai fornecendo aos cirurgiões os resultados de análises a tecidos recolhidos, permitindo uma maior segurança à intervenção.

Que, no caso de Coimbra, durou quatro horas.Para Daniel Silva, esta técnica, que ainda não tinha sido aplicada em Portugal, poderá ser desenvolvida em outras unidades de saúde do país. Admite, no entanto, que comporta assumir riscos, desde logo pela própria doente. A jovem ontem operada, de 28 anos e sem filhos, vai ser mantida sob vigilância médica. Agora, explicou o clínico, «vamos manter o útero funcional, para que possa engravidar».»

Fonte: Diário de Coimbra

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