terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Natalidade em crise


«As consequências para o País são dramáticas e determinantes a médio e longo prazos. As razões do decréscimo da natalidade são fáceis de perceber. A precariedade de emprego, os eternos recibos verdes, o aumento do custo de vida, a ausência do mercado de arrendamento que obriga os jovens à compra de casa nos arredores de Lisboa (só falando na capital), a necessidade de carro próprio, o respectivo aumento constante dos juros, etc., etc.

Hoje ter um filho é uma aventura, e os números indicam que as mulheres são mães cada vez mais tarde. Como poderia ser de outra forma? Acabar o curso, tentar arranjar trabalho e ser confrontada com um inquérito serrado sobre se tenciona ter filhos ou não. As empresas não querem futuras mães, porque isso significa um encargo adicional. Que qualidade de vida têm os jovens?

Claro que o acesso a múltiplos bens de consumo é hoje uma realidade. Mas a prova de que algo está errado está também no número assustador de divórcios nos primeiros anos de relação. Entre o custo de um pacote de fraldas, as idas ao pediatra, os exames e as vacinas obrigatórios, o custo das creches e infantários particulares, uma vez que o Estado não tem resposta, a lista é infindável e a resposta do Poder está à vista: um apoio ridículo às grávidas e um abono de família diminuto.

Se fosse possível ao casal descontar nos seus impostos as despesas de saúde, ensino, etc., então talvez a balança fosse mais real. Num momento em que se discute o novo aeroporto, o novo TGV, a nova ponte, tudo isto somando um valor astronómico, a pergunta obrigatória é quem no futuro vai usufruir dessas infra-estruturas, e quem vai descontar para a segurança social?
O País envelhece a ritmo acelerado, mas o que importa é discutir obras faraónicas.

Luisa Castel-Branco»

Fonte:Destak

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